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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Baleia jubarte desencalhada em SP volta a aparecer 8 anos depois na Bahia

fonte: O Imparcial
Ronaldo Braga


Rio - Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram confirmar geneticamente que uma baleia jubarte encalhada sobreviveu após ser devolvida ao mar. O fato inédito no Brasil foi comprovado, nesta semana, após análise comparativa de material genético do cetáceo. A baleia em questão foi avistada por pesquisadores do Instituto Baleia Jubarte (IBJ) em 2008 nas proximidades de Caravelas (Bahia), oito anos depois de ser desencalhada em Ubatuba (São Paulo), numa operação de resgate que durou sete horas e mobilizou biólogos, oceanógrafos, bombeiros, pescadores e comunidade.



Além da análise genética feita através de amostras de pele coletadas nos dois episódios, contribuiu para a identificação a fotografia da nadadeira caudal, que possui coloração e marcas únicas em cada indivíduo. Segundo o médico veterinário Milton Marcondes, Diretor de Pesquisa do IBJ, o fato é importante por comprovar o sucesso daquela operação de resgate.

- A confirmação da sobrevivência deste animal por pelo menos oito anos após o encalhe mostra que, apesar das baixas chances de sucesso nos resgates, valem a pena todos os esforços para salvar as baleias encalhadas - disse ele.

As estatísticas reforçam a raridade do caso, na temporada reprodutiva da espécie em 2010, por exemplo, das 95 baleias encalhadas até o momento, somente nove encalharam vivas, sendo que apenas um filhote foi devolvido ao mar com sucesso.

Em 2008, pesquisadores do IBJ coletaram uma amostra de pele de uma jubarte avistada nas proximidades de Caravelas, extremo sul da Bahia, e agora, dois anos depois, se certificam de que a baleia encontrada é a mesma desencalhada em Ubatuba, dez anos atrás. O resultado da análise genética, determinante para comprovar a identidade do indivíduo, foi divulgado pelo Laboratório de Biologia Genômica e Molecular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e foi confirmado pela análise das fotografias obtidas em 2000 no encalhe e em 2008 pelo Instituto Baleia Jubarte.

Na manhã de 3 de novembro de 2000, frequentadores da praia do Bonete, Ubatuba (SP), foram surpreendidos com uma baleia viva, encalhada na areia. Para tentar salvá-la, trabalharam em conjunto profissionais do TAMAR, da Fundação para o Mar (Fundamar), do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) em parceria com a Polícia Florestal e o Corpo de Bombeiros e do Aquário de Ubatuba, a destacar o oceanógrafo Hugo Gallo, que coordenou a bem-sucedida operação de salvamento que envolveu um barco rebocador para auxiliar no resgate.

A luta pela sobrevivência da baleia durou quase 12 horas e a operação de resgate, 7 horas. Após ter sido desencalhada, ela seguiu nadando e não voltou a ser avistada. Antes, porém, uma amostra de pele do mamífero foi coletada por profissionais do Aquário de Ubatuba, que enviaram o material ao Instituto Baleia Jubarte, para análise genética junto com imagens da nadadeira caudal.

Até hoje apenas três baleias jubarte com mais de 10 metros de comprimento foram devolvidas ao mar com vida. Houve um caso em Saquarema (RJ) em 1991, outro em Florianópolis em 1998 e esta baleia em Ubatuba. Embora nos três casos os animais não tenham voltado a encalhar não se sabia até então se as baleias haviam sobrevivido ou se poderiam ter morrido no mar após o resgate.

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